Pessoas que tiveram Covid-19, mesmo nas formas leve ou assintomática, podem apresentar um conjunto de sinais e sintomas que se prologam e não têm causa aparente: são as chamadas ‘condições pós-covid’. Dificuldade de concentração e memória, conhecida como névoa cerebral; perda prolongada de olfato e paladar; e alterações cognitivas são os sintomas neurológicos mais comuns. Mas as condições também podem afetar outros sistemas como cardiovascular, respiratório, gastrointestinal, mental, muscoesqulético e geniturinário.
Para auxiliar os profissionais na identificação clínica dos casos e orientar quanto aos critérios de diagnóstico, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica que reúne as informações mais atualizadas sobre o tema. Um dos pontos explicados é que as condições pós-covid ocorrem a partir de quatro semanas desde a infecção inicial. Outro ponto é que os sinais e sintomas permanecem a longo prazo, mesmo depois que a pessoa passa pela fase aguda da doença.
Sistema Afetado | Sinais e Sintomas Recorrentes |
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Neurológico | Dificuldade de memória e concentração (“névoa cerebral”)Alteração cognitivaCefaleiaPerda de paladarPerda de olfato |
Cardiovascular | PalpitaçãoDisautonomiaDor torácicaArritmiasTrombose/coagulopatiasIntolerância ao esforço físico |
Respiratório | TosseDispneiaTaquineiaDor torácica |
Gastrointestinal | Alterações do hábito intestinalNáuseas e dor epigástricaDisfagiaRefluxo gastroesofágico |
Saúde mental | Distúrbios de sonoDepressãoAnsiedade |
Geniturinário | Disfunção erétilAlterações menstruais |
Outras alterações | AlopeciaAlterações cutâneasDesordens endócrinasFadigaMialgiaArtralgiaAlterações na visão |
Pesquisas buscam entender a prevalência das condições pós-covid no Brasil
Por se tratar de um tema novo, as pesquisas e inquéritos de base populacional que investigam a prevalência das condições pós-covid ainda estão em andamento. O Ministério da Saúde financia algumas delas, em parceria com instituições e universidades, a fim de entender melhor o cenário no Brasil. Entretanto, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde (Sectics) já consegue fazer uma análise preliminar de cenário com base em estudos avaliados pela área técnica responsável.
Foi descoberto, por exemplo, que 40% da amostra de pessoas investigadas apresentou alguma condição pós-covid, com maior concentração no sexo feminino. Obesidade foi considerado o principal fator de risco e os sintomas mais verificados foram dispneia, fadiga e tosse. Tudo isso é levado em conta tanto no desenvolvimento de políticas públicas para tratar o problema, quanto na orientação aos profissionais para o correto diagnóstico.
Diagnóstico leva em conta o histórico do paciente e prevenção é fundamental
Por ora, não existem testes específicos para o pós-covid. O diagnóstico se baseia em um histórico de exame positivo para a Covid-19 ou exposição ao vírus, associados a uma avaliação clínica abrangente e minuciosa. Exames laboratoriais, de imagem, eletrocardiograma, entre outros, podem ser úteis para auxiliar no diagnóstico. Recomenda-se que, antes de definir uma manifestação como condição pós-covid, se investigue outras razões que podem justificar o quadro apresentado.
Para se proteger dessa condição, o documento do Ministério da Saúde orienta que sejam seguidos os mesmos cuidados para evitar a infecção por Covid-19. Além da vacinação contra o vírus, que está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) para todos aqueles que possuem mais de 6 meses de vida, recomenda-se realizar a higiene adequada das mãos, etiqueta respiratória, ventilação adequada de ambientes, evitar contato com casos positivos e uso de máscara em situações específicas para evitar contrair a infecção.
Nadja Alves dos Reis
Ministério da Saúde